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Gato de Botas | Omelete Entrevista Chris Miller

Diretor fala sobre a tecnologia do filme, trabalhar com 3D e os protagonistas do filme

12.12.2011, às 11H41.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 17H15

Finalmente o filme Gato de Botas (Puss in Boots) chegou aos cinemas! Marcelo Forlani foi até o Rio de Janeiro para entrevistar os protagonistas do filme, Antonio Banderas e Salma Hayek e o diretor Chris Miller.

Veja o que ele falou sobre a nova tecnologia de Gato de Botas, trabalhar com os dois protagonistas e ainda dicas de como ingressar no ramo de animação.

Antes de tudo, obrigado por me receber.

Obrigado.

Eu gostaria de começar perguntando quais são as diferenças técnicas entre Shrek Terceiro e este filme? Dá para perceber que os pelos estão muito mais realistas.

Sim, sim... Estamos anos-luz à frente, sabe? Acho que a tecnologia em Gato de Botas está no seu ápice, mas essas coisas estão sempre evoluindo. Já faz seis meses que terminamos o filme, mas você tem que se contentar com o que tem, sabe? O seu pacote. Mas, como você disse, temos uma riqueza de detalhes nas roupas, na arquitetura e especialmente o pelo - que é um pesadelo de fazer e trabalhar. Mas funcionou muito bem, sabe? Eu sinto como se quase tivéssemos pintado aqueles pelos... Todo aquele mundo, todos os seus detalhes, são muito imersivos. Especialmente com o 3D. É uma experiência palpável, na verdade. É algo que eu tenho muito orgulho. Todos estes elementos combinaram muito bem. Nosso designer de produção, Guillaume Aretos, foi muito bem... Não só criando um mundo incrível mas ele também visualizou e executou cada detalhe perfeitamente. Ele e, claro, todos no departamento de efeitos especiais e todos envolvidos em criar nosso mundo.

Podemos perceber que os humanos são bem caricatos.

Sim, muito mais que em Shrek.

É, você trouxe isso de Shrek e foi além.

Eu acho que... Acho que o mundo em si é mais caricato como um todo. Mas especialmente os humanos. Eles têm uma história longa. O nosso elenco é basicamente dois gatos e um ovo.

Como foi desenvolver o roteiro? Porque dá para perceber que você pensou em 3D enquanto escrevia.

Certo.

Como foi pensar nisso? Quantos vôos você teria, essas coisas estilo montanha-russa...

Levou por volta de... 3 anos e meio para desenvolver aquele roteiro. E nós paramos de mexer no filme apenas alguns meses antes da estreia. Nós estávamos constantemente remexendo no material, refinando e tentando torná-lo melhor o tempo todo. Tanto quanto a gente podia. Em termos de 3D, isso fica sempre na sua cabeça. Especialmente quando fazemos o storyboard. Você sempre tenta compor as cenas com o 3D em mente. Qualquer coisa que possa enriquecer a história do filme. E tínhamos nesse filme o Gil Zimmerman, que era nosso diretor de fotografia. E ele foi o fotógrafo de Como Treinar o Seu Dragão, que eu acho que é uma marca nos filmes 3D. O Gil trouxe muita experiência para Gato de Botas, ele realmente sabia onde colocar a câmera para conseguirmos maior profundidade nas coisas. E saber que quando você está em uma beirada... e dá aquela olhada para baixo, tem todo um efeito que você deve passar... Ele é um ótimo contador de histórias, ele tem um ótimo olho para criar o ponto de vista do personagem e colocar o público neste ponto de vista.

O Antonio e a Salma estavam dizendo que eles tiveram uma sessão de gravação juntos. O que não é comum...

É estranho, na verdade. Mas foi incrível.

Quão bom foi isso? Você pensa em fazer mais dessas sessões na sua próxima animação?

Acho que sempre é bom. Sempre é bom colocar os atores juntos. Porque você vai conseguir essas... Esses momentos de muito improviso, bem naturais. Até momentos que não funcionam, algum engano que acontece, algo que você não consegue reproduzir de jeito nenhum. Em animação, sempre que você consegue achar algo que parece fresco, vivo e do momento, ajuda em tudo. Porque tudo em animação é tão pré-planejado que não dá para mudar, ou você precisa fazer de novo. Então colocá-los juntos e conseguir essa química, essa conexão natural, nos ajudou muito, de verdade. E foi divertido. Foi divertido para eles e para toda a equipe.

Como foi ter dois latinos trabalhando em inglês? Claro, ajudou a deixar tudo mais realista. Mas isso deu algo que você não teria se fosse com alguém fluente em inglês?

Sim, a personalidade deles... É assim que eu sempre os vi, sabe? Claro, já vi tantos filmes com o Antonio e com a Salma que eram legendados. Mas para esse filme eles eram os atores perfeitos, em qualquer língua. Eu estou feliz com isso. É legal termos a versão em inglês. Nós escrevemos para isso, gravamos eles falando em inglês. É animado em inglês. Mas é ótimo poder ter dois protagonistas que podem gravar em espanhol também. E é bom para eles porque é a única oportunidade que eles têm de poder ver o produto final de verdade. O Antonio me disse que prefere a sua versão em espanhol do que a em inglês porque ele pode acrescentar pequenas coisas que ele não faria do outro jeito.

Você também gravou as versões em espanhol e italiano?

Eu estava lá.

Mas você não consegue entender o que eles dizem.

Exatamente.

Você precisa confiar neles.

Eu só olhava para o Antonio e perguntava: "Foi bom?" Ele falava que sim e eu falava: "Ótimo!". E eu só sentava no fundo e comia.

É comum os diretores acompanharem as outras versões?

Existem tantas línguas em que esses filmes são dublados que não é comum. É apenas sobre criar a versão em inglês e garantir que esses personagens estão claros quanto a quem eles são... Como eles se encaixam na história.

Acho que desde o primeiro Shrek as animações não são feitas apenas para crianças. Elas também têm um apelo mais adulto. Como foi introduzir as piadas que funcionam para os pais?

Você sabe que está fazendo um filme para a família, assim você tem uma audiência maior. E eu também tento fazer um filme que eu gostaria de ver. Na verdade essa é a única regra, se é que existe alguma. E de resto você usa o instinto quanto ao que força muito, que vai longe demais. O que temos que tirar. Mas eu nunca gosto de trabalhar com um material pensando: "Certo, aqui tem uma piada apenas para as crianças e aqui precisamos de uma piada para os adultos para eles gostarem". Tudo tem que vir naturalmente.

Você tem trabalho na DreamWorks por um bom tempo já. Você pode falar sobre como conseguir esse tipo de emprego? Eu sei que tem alguns brasileiros trabalhando lá e temos muitos animadores trabalhando aqui também. Você poderia dar algumas dicas de como entrar nesse mercado? Como entrar na DreamWorks?

Se você quer fazer animação então você tem que ser apaixonado. Se você quiser fazer filmes e ser um cineasta, você precisa fazer filmes. Eu cresci desenhando desde pequeno. E eu sempre amei cinema. Então animação parecia um modo muito natural de me expressar. É engraçado porque quando comecei a animar eu percebi que na verdade não era muito bom naquilo. Eu conseguia fazer no meu estilo, mas nunca conseguia fazer do jeito "Disney" tradicional. Não estava dentro de mim. Mas eu me deparei com o ato de contar histórias e me senti tão atraído por isso que virei desenhista de storyboard e trabalhei com isso por 10 anos. E aconteceu de eu seguir meu caminho pela DreamWorks. Graças a Deus foi em um filme e tive sorte de ficar. Mas na verdade é apenas perseverança. Mais do que qualquer outra coisa.

Bom, tivemos o Brad Bird trabalhando... Ele tem um passado em animação.

Sim, um passado ótimo.

Ele está fazendo Missão: Impossível 4 agora. Você pensa em trabalhar com live-action (atores de verdade) também?

Eu ficaria bem empolgado em fazer um filme em live-action. Se o projeto fosse bom e parecesse apropriado para mim, eu faria... Parece muito empolgante. O Brad é um cineasta incrível, sabe. Mal posso esperar para ver o que ele vai fazer com Missão: Impossível.

Você pode falar sobre o que fará a seguir?

Este momento é só Gato de Botas. Fazer a divulgação, espalhar o filme pelo mundo. Veremos o que acontece depois.

Quem sabe umas férias aqui no Rio?

Eu ia amar, mas sei que alguém vai me colocar em um avião amanhã. Mas talvez eu dê uma escapada, não sei ainda.

Tá certo. Muito obrigado.

Obrigado.

Puss in Boots, o filme do Gato de Botas derivado de Shrek, marca a volta de Antonio Banderas ao felino espadachim que ele dublou a partir do segundo filme do ogro verde.

A trama, que antecede o primeiro Shrek, mostrará o Gato de Botas em um plano de assalto ao lado de Humpty Dumpty (Zach Galifianakis) e Kitty (Salma Hayek) para roubar a famosa gansa das fábulas que bota ovos de ouro. Dumpty é o personagem oval do folclore das histórias infantis anglo-saxãs, presente em inúmeras obras de ficção, incluindo Alice no País das Maravilhas.

Chris Miller, diretor de Shrek Terceiro, assina Gato de Botas. O filme já está em cartaz no Brasil. Leia a crítica

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