Sheldon Moldoff, um dos poucos remanescentes da Era de Ouro dos quadrinhos norte-americanos (final dos anos 30 até início dos 50), faleceu na última quarta-feira, dia 29, devido a insuficiência renal. Ele tinha 91 anos.
Sheldon Moldoff
Sheldon Moldoff
Moldoff esteve diretamente envolvido nos primeiros anos da DC Comics: desenhou uma página de Action Comics #1, as capas de Flash Comics #1 (primeira aparição do Flash) e All-American Comics #16 (primeira aparição do Lanterna Verde). Também trabalhou por anos nas histórias do Gavião Negro e, apesar de não ter o crédito devido, em Batman.
A falta de crédito, como explica o historiador dos quadrinhos Mark Evanier, em obituário, deve-se à astúcia do criador de Batman, Bob Kane. Desde a criação do homem-morcego até 1967, Kane assinou centenas de histórias do personagem que na verdade eram desenhadas por artistas da DC - o que fazia parte de seu contrato com a editora - ou por assistentes em seu estúdio, como Jerry Robinson, Moldoff e outros - e a DC fingia que não sabia.
Assim, de 1953 a 1967, centenas de páginas e capas assinadas por Kane podem ser creditadas a Moldoff. Mas hoje se dá o devido crédito a Moldoff na co-criação da Batgirl (a original, Betty Kane, que se grafava "Bat-Girl"), do duende Bat-Mirim e Ace O Bat-Cão, todos com Kane, e da vilã Hera Venenosa, esta com o roteirista Robert Kanigher.
Em 67, Moldoff foi dispensado pela DC. Seguiu carreira na animação, fazendo storyboards para O Gato Corajoso e o Rato Minuto, série criada pelo próprio Bob Kane. Ainda trabalhou com quadrinhos promocionais e ilustração comercial antes de se aposentar. Ganhou dois prêmios durante a carreira: o Inkpot Award, em 1991, e o Xanadu Award, em 1997.