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Primavera Sound 2014 | Especial

Uma festa à beira-mar com muita música

02.06.2014, às 14H12.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H44

Primavera se foi. A 14a edição do Primavera Sound, festival que lotou a cidade de Barcelona com fãs de música, fecha seu incrível número de 350 shows em uma semana. Alguns dos grandes nomes escalados estiveram recentemente no Brasil, no Lollapalooza, como Arcade Fire, Nine Inch Nails, Disclosure e Pixies. Brasileiros também não foram poucos: Caetano Veloso e Rodrigo Amarante fizeram bonito em palcos espanhóis. No total, 190 mil pessoas curtiram pessoalmente a vasta programação do Primavera Sound neste ano, sem contar com os outros milhares que assistiram ao vivo pela internet.

Veja a galeria de fotos do Primavera Sound

O Primavera Sound é o festival queridinho dos indies na Europa. Os ingressos começam a ser vendidos com quase um ano de antecedência, muito antes de a programação ser divulgada. E nunca esgotam, visto o tamanho gigantesco do lugar onde é realizado. Ou seja, o festival é a grande chance de ver bandas renomadas sem multidões comparáveis às do Glastonbury, por exemplo, evento mainstream realizado na Inglaterra.

Uma festa no meio da crise

Como os espanhóis conseguem fazer um festival que só aumenta em números em meio a uma crise ferrenha? Segundo os organizadores do festival, a resposta está na confiança conquistada pelo evento ao longo dos anos. Os ingressos são mais baratos se comprados com antecedência, então os residentes da Espanha ganham vantagem.

Além disso, o número de pessoas vindas de outras partes do mundo aumenta a cada ano, o que ajuda a manter o sucesso do evento. De acordo com estimativas da organização, cerca de 40% dos espectadores deste ano eram de fora da Espanha. Depois do espanhol, as duas línguas que mais se ouvia no festival eram o inglês e o italiano — mas o português brasileiro também não era raro. Isso se deve à forte divulgação em países estrangeiros.

O Primavera Sound ocorre da seguinte maneira: são três dias principais (neste ano, de 29 a 31 de maio), no gigantesco Parc del Fòrum, na beira do mar em Barcelona. Shows menores são realizados pela cidade durante toda a semana do evento, muitos deles de graça. É uma boa forma de promover as casas de show locais e levar a música a diferentes tipos de público.

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Neste ano, um total de 292 bandas — somando mais de 800 músicos — fizeram os 348 shows do Primavera Sound, sendo 228 no Parc del Fòrum e 120 apresentações em outros lugares da cidade. Três bandas brasileiras tocaram nesse esquema, com entrada gratuita. Móveis Coloniais de Acaju, Single Parents e Black Drawing Chalks foram algumas das atrações do La Seca - Espai Brossa na quarta-feira, dia 28.

Outro lugar incrível de shows a que o público do Primavera Sound tem acesso é a Sala Apolo. Se não fosse pelo festival, os fãs estrangeiros provavelmente nunca conheceriam a casa. Na quinta-feira, 29, antes de a programação começar no Parc del Fòrum, a banda americana Volcano Choir subiu no palco da Sala para um show inesquecível.

O grupo é um dos vários projetos de Justin Vernon, o homem por trás do Bon Iver. Eles estavam desde janeiro sem fazer nenhum show. Além de músicas antigas, a banda apresentou canções ainda inéditas. Justin não escondeu a felicidade de estar tocando ali um minuto sequer. Bem-humorado, perguntou ao público: "Alguém aqui tomou ácido?". Ao ver que ninguém levantou a mão, ele riu e disse estar desapontado. Uma brincadeira, já que não eram nem 5 da tarde em Barcelona.

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A estrutura do evento

Toda a estrutura do festival é bem pensada. Mesmo não sendo no centro de Barcelona, o Parc del Fòrum fica dentro da cidade e é de fácil acesso. Há linhas de metrô, trem e ônibus passando por ali. Nos dias em que o metrô não é 24 horas (como quinta e sexta-feira), uma boa opção foram os ônibus noturnos do próprio sistema de transporte público da cidade, que tinham vários destinos e passavam de 20 em 20 minutos. Além disso, o Primavera disponibilizou vários ônibus que levavam o público até o centro por apenas 1 euro (cerca de R$ 3).

O evento ganhou mais um ponto na questão da organização dos ingressos. Ao comprá-lo, você recebia um código que deveria ser impresso e levado ao posto de troca, no próprio Parc del Fòrum, para receber a pulseira e um cartão de identificação. É com esses dois objetos que você entra no festival todos os dias — o que impede bastante a ação dos cambistas. Foi possível pegar a pulseira com antecedência. O posto ficou aberto desde a segunda-feira, dia 26, até o sábado, dia 31. Quem quis evitar filas, não deixou pro último dia.

O Parc del Fòrum é gigantesco. Foram montados oito palcos principais e outros cinco palcos menores nos 180 mil metros quadrados do espaço. Era essencial fazer um cronograma dos shows a fim de não perder muito tempo na hora de andar de um palco a outro. Mas as grandes dimensões do lugar e o alto número de atrações rolando simultaneamente fez com que nenhum espaço ficasse insuportavelmente cheio — com exceção de algumas passagens estreitas que atrapalhavam a circulação de pessoas.

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A vida lá dentro também era facilitada. Havia caixa eletrônico para sacar dinheiro, ponto para recarregar o celular e até uma barraca promovida pela Ray-Ban onde se cortava o cabelo de graça. Para comprar bebida, quase não era preciso andar. Além dos vários pontos de venda espalhados pelo local, havia vendedores de cerveja ambulantes que chegavam até a grade dos palcos para manter os fãs animados. O copo com meio litro custava 6 euros (18 reais), e o de um litro, 11 euros (33 reais).

As opções de comida eram muitas: comida vegetariana, tailandesa, japonesa, italiana, portuguesa, francesa, além de pizzas e sanduíches. Os preços variavam entre 2 e 10 euros (cerca de 6 a 30 reais). Dependendo do horário e da barraca, não se pegava fila nenhuma pra comer. Um espaço enorme com mesas e cadeiras para quem queria jantar tranquilo foi outro ponto forte.

Mas nem tudo são rosas. Como muitos dos festivais brasileiros, a única opção de sanitários eram os químicos — e não eram muitos. Os mais próximos dos grandes palcos estavam sempre com grandes filas. Faltaram ainda lixeiras para os copos sujos. Havia algumas posicionadas em locais estratégicos, como perto das barracas de comida, mas em geral era difícil de achar. Resultado: a cada fim do dia, o que mais se via era o mar de lixo no chão.

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