Não me recordo de um filme que seja tão interessado em celebrar o meio de sua obra original que Tokyo Tribe, de Sion Sono, baseado no mangá de Santa Inoue. E em fazê-lo de maneira tão inusitada.
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Musical hip hop insano, com pegada de videoclipe, personagens caricatos e lutas surpreendentes. Um Mad Max Neon, Akira Cômico Live-Action, Sin City Anime, One Piece Fetichista, Warriors Harajuku... Tudo isso ao mesmo tempo e nada a ver. Tokyo Tribe beira o indescritível.
Na trama, as principais gangues de uma Tóquio futurista enfrentam a ameaça de uma nova e poderosa facção, determinada a tomar o poder e exterminar a todos.
Cada minuto de Tokyo Tribe tem uma surpresa, seja na forma de um cenário grandioso, pelo qual a câmera passeia dançando livremente enquando o hip hop rola; em um design fantástico, uma revelação esdrúxula sobre a história, personagens ridiculamente divertidos ou uma piada bem colocada... É um verdadeiro delírio visual que não cessa em embasbacar.
O universo de Sono desenvolve-se até os momentos finais, quando reviravoltas estapafúrdias estabelecem (por que não?) críticas sobre a guerra e a sociedade. Em meio a tudo isso, sobra espaço para caçoar/homenagear a cultura pop do oriente e ocidente sem barreiras - mas dando uma cutucada sutil no "ladrão" Quentin Tarantino no processo.
Como se não bastasse tudo isso, Sono ainda filma feito um possuído. Abusa de longos e complicados planos-sequência e encadeia cenas de luta como poucos. Filme especial esse Tokyo Tribe. Interessado no novo, em rir do velho e do que vem a seguir, sem preconceitos. É um surtado, esse Sion Sono.
Ano: 2014
País: Japão
Classificação: 14 anos
Duração: 116 min min